O que acontece ao corpo com excesso de açúcar
- Grupo quinze Projeto
- 29 de set. de 2016
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Gomas, bolos, bolachas, rebuçados, chocolates. Normalmente é a este tipo de produtos que associamos o açúcar. Mas a verdade é que ele está em quase tudo aquilo que comemos — iogurtes, molhos, cereais de pequeno almoço. Para percebermos a gravidade do problema e o nível de disseminação daquele que é considerado um dos maiores venenos da alimentação, basta olhar para a lista de ingredientes nas embalagens dos alimentos — ele está lá quase sempre.
Mas o que é, afinal, o açúcar? O açúcar é, de acordo com a nutricionista Marta Mourão, doHolmes Place, “um hidrato de carbono simples, designado por sacarose, que resulta da junção de dois açúcares simples – glicose e frutose, que é o conhecido açúcar da fruta."
A NiT esteve à conversa com esta especialista para perceber que efeito é que o açúcar tem no corpo (além de se acumular como gordura corporal e engordar)quando consumido em excesso. A nutricionista explica que a recomendação diária de açúcar representa entre 10 a 15% de açúcares simples dentro da ingestão total de hidratos de carbono.
Antes de explicarmos, em detalhe, os efeitos que o açúcar tem no corpo humano, a nutricionista lembra que este ingrediente aparece muitas vezes disfarçado nas listas de ingredientes: “O açúcar pode aparecer nos rótulos dos alimentos disfarçado de qualquer designação terminada em ‘ose’: sacorose, glicose, maltose, frutose, dextrose, ou xarope. São tudo açúcares.” No cérebro, no corpo, na pele, nos dentes. Os efeitos do excesso de açúcar no corpo têm consequências que muitas vezes se assemelham à adição ao álcool. Saiba tudo em pormenor. No cérebro
“O açúcar tem um efeito semelhante, ou até pior, ao provocado pelo álcool e, semelhante ao de algumas drogas”, alerta a especialista. Marta Mourão caracteriza o efeito que o açúcar tem no nosso cérebro com “nefasto”, uma vez que cria dependência e “provoca alterações nos receptores, associados ao prazer, compensação e conforto.”
Como em todas as dependências, o que acontece é que, a longo prazo, para satisfazer a vontade de consumir açúcar, as doses começam a aumentar. “Este efeito está correlacionado com a libertação de um neurotransmissor conhecido como dopamina, que se associa ao prazer.” O açúcar é importante para o organismo porque é “a fonte energética preferencial a nível muscular e cerebral”. O que importa é saber escolher as fontes: “A glicose deverá provir de alimentos que forneçam hidratos de carbono complexos, como cereais e derivados integrais, ou tubérculos, pois a sua digestão irá proporcionar a libertação gradual de glicose para a corrente sanguínea, prevenindo picos de glicemia.” Quando escolhemos bolachas ou bolos, o que acontece é que o açúcar é libertado muito rapidamente para o sangue, há um boost de energia, mas logo a seguir uma quebra, que nos faz ir buscar mais açúcar aos alimentos errados — ricos em açúcares rápidos. No metabolismo “O açúcar adicionado provoca os mesmos problemas metabólicos que o álcool”, diz. E que problemas são estes? “Em última instância podemos ter um problema conhecido como esteatose hepática ou ‘fígado gordo’”, que, a longo prazo, poder levar a diabetes tipo 2, hipertensão arterial, alteração do colesterol no sangue, aumento do ácido úrico. Mais tarde, poderá ainda resultar em alterações cardiovasculares, como enfarte precoce do miocárdio ou acidente vascular cerebral. Nos dentes O efeito do açúcar nos dentes depende do tipo de açúcar consumido. Quando se dá um consumo excessivo de sacarose — açúcar de mesa —, mel e xaropes a probabilidade de ficar com caries é grande, uma vez que “estão mais disponíveis para as bactérias da cavidade oral e promovem uma maior produção de ácidos, o que destrói o esmalte dentário.” Na pele
Muito açúcar envelhece a pele precocemente, tornando-a mais flácida. “Este seu efeito deve-se a um processo designado por glicação”, diz Marta Mourão. A glicação acontece quando o açúcar se liga às proteínas, responsáveis pela sustentação da pele, o que provoca “danos nas fibras elásticas e no colagénio.”
Resumindo, a ingestão excessiva de açúcar reflete-se em praticamente todo o nosso corpo: cria dependência cerebral, engorda, provoca hipertensão arterial, torna-nos mais susceptíveis a problemas cardiovasculares, provoca cáries dentárias, envelhece a pele precocemente, provoca alterações hepáticas, isto é, no fígado, e provoca o envelhecimento precoce da pele.
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